Falta de Jeito ou Dificuldade de Coordenação? Entenda o que é o Déficit Sensorial

Déficit Sensorial

Publicado em: 30 de outubro de 2025


É comum que algumas crianças sejam vistas como “desajeitadas” ou apresentem dificuldades em atividades simples, como correr, segurar objetos ou se equilibrar. Muitas vezes, isso é interpretado apenas como uma característica pessoal, mas pode estar relacionado a uma condição chamada déficit sensorial, que impacta diretamente no desenvolvimento motor, social e cognitivo.

Neste artigo, vamos explicar o que é o déficit sensorial em crianças, suas possíveis causas, os sinais de alerta e quais estratégias podem ajudar no diagnóstico e no tratamento, sempre com foco no acompanhamento pela Neuropediatria.

O Déficit Sensorial em Crianças

O déficit sensorial ocorre quando há certas alterações na forma como o cérebro recebe, organiza e interpreta os estímulos sensoriais vindos do ambiente, como visão, audição, tato, equilíbrio e propriocepção (consciência do próprio corpo no espaço).

Essas dificuldades afetam diretamente a coordenação motora e podem gerar impactos no desempenho escolar, na prática de esportes, nas interações sociais e até na autoestima da criança.

Principais Causas dos Déficits Sensoriais

As causas podem variar, mas entre os principais fatores associados ao déficit sensorial estão:

  • Alterações neurológicas: algumas condições que afetam o sistema nervoso central podem comprometer a integração sensorial;
  • Transtornos do neurodesenvolvimento: crianças com TEA ou TDAH, por exemplo, podem apresentar dificuldades na regulação sensorial;
  • Histórico de prematuridade: bebês prematuros podem ter maior risco de alterações no desenvolvimento neurológico;
  • Fatores ambientais: ausência de estímulos adequados nos primeiros anos de vida também pode prejudicar o desenvolvimento da coordenação.

Sinais de Alerta: como Identificar?

Nem sempre é fácil diferenciar o que é apenas uma fase natural do crescimento e o que pode ser um déficit sensorial. Alguns sinais de alerta incluem:

  • Quedas frequentes e dificuldades de equilíbrio;
  • Problemas para segurar lápis, talheres ou objetos pequenos;
  • Dificuldade em aprender a andar de bicicleta ou praticar esportes;
  • Hipersensibilidade ao toque, aos sons ou à luz;
  • Evitar brincadeiras que envolvem movimento ou contato físico;
  • Baixa autoestima devido à comparação com colegas.

Se esses sintomas persistem e comprometem a rotina da criança, é fundamental buscar avaliação médica.

Déficit Sensorial x Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação

É importante destacar a diferença entre o déficit sensorial e o transtorno do desenvolvimento da coordenação (TDC). Embora ambos estejam relacionados à dificuldade motora, o déficit sensorial envolve, principalmente, a forma como o cérebro processa estímulos externos, enquanto o TDC se concentra em falhas no planejamento e na execução dos movimentos.

Em alguns casos, as duas condições podem coexistir, exigindo uma abordagem ainda mais especializada.

Principais Sintomas do Déficit Sensorial

Entre os sintomas mais comuns que podem indicar déficit sensorial em crianças estão:

  • Movimentos descoordenados, como tropeçar e esbarrar em objetos;
  • Problemas de concentração, já que estímulos externos podem gerar sobrecarga sensorial;
  • Sensibilidade exagerada ou reduzida aos sons, às texturas, aos cheiros e sabores;
  • Dificuldades na escrita e no desenho devido à falta de controle motor fino;
  • Evitar atividades físicas coletivas, como jogos ou esportes na escola.

Esses sintomas podem variar de intensidade de acordo com cada criança, mas todos merecem atenção.

Tratamento e Intervenções Possíveis

O tratamento do déficit sensorial é multidisciplinar e pode incluir:

  • Terapia Ocupacional: auxilia na melhora da coordenação motora e no desenvolvimento de habilidades práticas;
  • Fisioterapia Neurológica: trabalha equilíbrio, força muscular e movimentos funcionais;
  • Fonoaudiologia: em casos em que o déficit sensorial afeta também a linguagem e a comunicação;
  • Orientação escolar: adaptações pedagógicas podem ser necessárias para melhorar o aprendizado;
  • Acompanhamento neuropediátrico contínuo: para monitorar a evolução do quadro e indicar ajustes nas terapias.

Quanto mais precoce for a intervenção, maiores são as chances de a criança superar as dificuldades e desenvolver suas habilidades de forma saudável.

O Papel da Neuropediatria

A Neuropediatria é a especialidade responsável por investigar e tratar condições que envolvem o sistema nervoso em crianças. O neuropediatra avalia se a dificuldade de coordenação está relacionada a um déficit sensorial, aos distúrbios motores, às doenças neuromusculares ou aos outros transtornos do neurodesenvolvimento. Esse profissional também orienta sobre encaminhamentos para terapias complementares, como Fisioterapia motora, Terapia Ocupacional e Fonoaudiologia, quando necessário.

A dificuldade de coordenação em crianças pode ir muito além de uma característica individual ou de uma simples “falta de jeito”. A avaliação com o neuropediatra é essencial para compreender as causas, diferenciar de outros transtornos e indicar o melhor tratamento.

Com acompanhamento especializado e intervenções adequadas, a criança pode desenvolver plenamente seu potencial, melhorar sua coordenação e conquistar mais autonomia e qualidade de vida. Ao notar o menor sinal de déficit sensorial em seu filho, não hesite em procurar um de nossos profissionais.

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