Como as Doenças Metabólicas Afetam o Sistema Neuromuscular?

Publicado em: 26 de junho de 2025
Nem sempre um atraso para sentar, engatinhar ou andar significa apenas uma diferença no tempo de desenvolvimento da criança. Em alguns casos, esses sinais podem estar ligados a doenças metabólicas que afetam diretamente o sistema neurológico ou neuromuscular. Na infância, reconhecer esses sinais precocemente pode fazer toda a diferença para o diagnóstico e o tratamento.
Na Neuropediatria, essas condições são levadas a sério desde os primeiros sintomas. As doenças metabólicas raras, quando não identificadas a tempo, podem causar danos progressivos e irreversíveis ao sistema nervoso e à função muscular.
Continue a leitura deste artigo e entenda melhor sobre como essas doenças atuam, quais são os sinais de alerta e quais caminhos terapêuticos podem oferecer qualidade de vida às crianças afetadas.
As doenças metabólicas hereditárias, também chamadas de erros inatos do metabolismo, são causadas por mutações genéticas que afetam diretamente a produção ou o funcionamento de enzimas essenciais para o organismo.
Essas enzimas são responsáveis por metabolizar substâncias como proteínas, gorduras e açúcares. Quando existe algum tipo de falha nesse processo, substâncias se acumulam (ou faltam), prejudicando diversos órgãos presentes no organismo, especialmente o cérebro e os músculos.
Durante a infância, essas doenças costumam se manifestar cedo e os impactos podem comprometer os desenvolvimentos físico, cognitivo e motor.
O sistema neuromuscular é a rede que conecta o cérebro aos músculos, permitindo que o corpo realize movimentos, se mantenha ereto, respire, fale e até se alimente. Ele envolve os neurônios motores (cérebro e medula), nervos periféricos, as junções neuromusculares e fibras musculares.
Alterações em qualquer parte desse circuito podem levar à hipotonia (fraqueza muscular), atrofia, paralisia, dificuldades respiratórias e motoras.
As doenças metabólicas podem afetar o sistema neuromuscular de diferentes formas, por isso, preparamos uma lista com as principais, confira:
Algumas condições, como as leucodistrofias e doenças de depósito lisossomal, causam acúmulo de substâncias que danificam os neurônios motores e o tecido muscular da criança.
Doenças mitocondriais, por exemplo, comprometem a produção de ATP (adenosina trifosfato), fonte de energia das células. Isso gera fadiga precoce, fraqueza e atraso motor.
Algumas glicogenoses causam excesso ou falta de glicogênio, levando à destruição muscular progressiva. Com isso, o resultado clínico pode incluir:
Também chamadas de miopatias metabólicas, as doenças metabólicas com comprometimento neuromuscular são condições genéticas e raras que afetam o metabolismo dos músculos da criança, resultando em problemas de produção energética e, consequentemente, na contração muscular. Entre essas doenças podemos citar:
Os sinais de que algo pode estar afetando o sistema neuromuscular em crianças com doenças metabólicas nem sempre aparecem de forma súbita. Muitas vezes, surgem aos poucos e é fundamental que pais, responsáveis e profissionais de saúde estejam atentos. Os sintomas mais frequentes incluem:
Esses sintomas podem variar conforme o tipo de doença metabólica e sua gravidade. Quando identificados precocemente, aumentam as chances de intervenção eficaz e redução do impacto neurológico a longo prazo.
O papel da neuropediatria é fundamental no rastreio e diagnóstico precoce dessas doenças. A investigação costuma incluir uma avaliação clínica detalhada da saúde geral, do histórico familiar e genético, bem como da solicitação de exames de sangue e urina.
Além disso, teste do pezinho ampliado, eletroneuromiografias, ressonâncias magnéticas e exames de exoma/genoma em casos complexos podem ser solicitados pelo médico responsável. Quanto mais cedo o diagnóstico, maior a chance de intervenções que evitem regressão neurológica e melhorem o prognóstico.
Embora muitas doenças metabólicas não tenham cura definitiva, há opções terapêuticas importantes:
Os focos são preservar funções, reduzir sintomas e melhorar a qualidade de vida. Na Neuropediatria, o acompanhamento atento aos atrasos no desenvolvimento, à hipotonia e aos outros sinais neuromusculares pode fazer a diferença entre regressão funcional e adaptação bem-sucedida.
Para pais, responsáveis e cuidadores, a informação é o primeiro passo: estar atento aos sinais e buscar um neuropediatra ao menor sinal de alerta é essencial para garantir o melhor desfecho possível.