Não é Teimosia: a Criança que Reage Mal às Roupas, aos Toques ou Barulhos Pode Ter TPS


Publicado em: 13 de novembro de 2025
Nem sempre é fácil para os pais entenderem o comportamento de seus filhos. Uma cena comum em muitas famílias é a criança que chora ao vestir uma roupa nova, que tampa os ouvidos quando escuta barulhos do cotidiano ou que se incomoda com carinhos e abraços. Muitas vezes, os adultos interpretam essas reações como “manha” ou “teimosia”, mas, em alguns casos, estão relacionadas às dificuldades no processamento sensorial.
Entender o que está por trás dessas respostas ajuda a reduzir conflitos, acolher as necessidades da criança e buscar o suporte adequado com profissionais de saúde, especialmente na área da Neuropediatria.
O processamento sensorial é o mecanismo pelo qual o cérebro recebe, organiza e interpreta os estímulos do ambiente como sons, cheiros, luzes, texturas, movimentos e até mesmo toque. Para a maioria das pessoas, esse processo acontece de forma automática e equilibrada, permitindo lidar com diferentes estímulos do dia a dia sem maiores dificuldades.
No entanto, algumas crianças apresentam um desequilíbrio nessa integração, ou seja, seu cérebro pode perceber os estímulos como muito mais intensos (hipersensibilidade) ou, ao contrário, não captar com a mesma intensidade (hipossensibilidade). Isso faz com que atividades simples, como vestir uma camiseta ou ouvir uma música, possam se tornar experiências extremamente desconfortáveis.
Uma criança que recusa roupas com etiquetas ou que se assusta com um secador de cabelo não está “inventando desculpas” para chamar a atenção. Para ela, essas situações geram um desconforto real. Alguns sinais comuns incluem:
Essas reações não são “manha” ou “frescura”, mas, sim, manifestações de uma dificuldade na forma como o cérebro organiza os estímulos recebidos.
O Transtorno do Processamento Sensorial (TPS) ocorre quando o cérebro não consegue processar e responder adequadamente às informações captadas pelos sentidos. Embora ainda não seja uma condição oficialmente reconhecida em todos os manuais médicos, muitos profissionais de saúde identificam e tratam os impactos do TPS no desenvolvimento infantil. As principais formas de manifestação são:
Quando o processamento sensorial não acontece de forma equilibrada, a rotina da criança e da família pode ser bastante afetada. Alguns exemplos:
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) está frequentemente associado às dificuldades no processamento sensorial. Não é raro que crianças com TEA apresentem reações intensas aos barulhos, toques, cheiros ou às roupas.
Entretanto, é importante destacar que nem toda criança com hipersensibilidade ou hipossensibilidade sensorial tem TEA. O processamento sensorial pode estar alterado de forma isolada ou associado a outras condições, como TDAH e transtornos do desenvolvimento motor.
Por isso, apenas uma avaliação detalhada com um neuropediatra pode esclarecer a causa dessas reações e indicar o tratamento mais adequado.
O neuropediatra é o profissional indicado para avaliar esses sinais, identificar se fazem parte de um transtorno do processamento sensorial isolado ou se estão relacionados a condições como TEA. Além dele, outros profissionais podem ser fundamentais:
Enquanto o acompanhamento especializado acontece, os pais podem adotar algumas medidas que ajudam no dia a dia:
Quando uma criança reage de forma intensa às roupas, aos toques ou barulhos, é fundamental compreender que não se trata de teimosia, mas de uma dificuldade neurológica ligada ao processamento sensorial.
Identificar esses sinais precocemente é essencial para promover o bem-estar, desenvolvimento saudável e uma vida mais equilibrada. Acolher, entender e adaptar o ambiente da criança são a chave para que se sinta segura, respeitada e capaz de desenvolver todo o seu potencial. Se você desconfia que seu filho precisa de acompanhamento neuropediátrico, entre em contato com nossos profissionais.