Quando a Criança Perde Habilidades: O Que a Regressão Pode Indicar

Publicado em: 14 de agosto de 2025
Durante o desenvolvimento infantil, é natural que cada criança siga seu próprio ritmo. No entanto, há situações que despertam um sinal de alerta: quando uma criança que já falava, andava ou interagia normalmente passa a perder essas habilidades, estamos diante de um sinal importante chamado regressão do desenvolvimento.
Essa perda de competências já adquiridas pode ter diversas causas, desde alterações neurológicas até fatores emocionais, e deve ser sempre investigada por um neuropediatra especializado. Continue a leitura deste artigo e entenda melhor o que é a regressão, como identificá-la, quais condições podem estar associadas e porque a avaliação especializada é fundamental para garantir o melhor prognóstico.
A regressão do desenvolvimento ocorre quando uma criança perde ou deixa de usar habilidades que já havia adquirido, como linguagem, controle motor, contato visual ou interação social.
Diferente de um atraso no desenvolvimento, quando uma habilidade demora a surgir, a regressão é marcada por perda real de funções já estabelecidas. Alguns exemplos de regressão incluem:
Esse quadro pode ocorrer de forma súbita ou gradual, e deve ser considerado um sinal de possível disfunção neurológica.
A regressão pode ser causada por condições neurológicas, genéticas, metabólicas, infecciosas ou ambientais. Algumas das principais causas incluem:
Em muitos casos, o Transtorno do Espectro Autista se manifesta por meio de regressão na linguagem e no comportamento social, geralmente entre 15 e 30 meses. A criança que era comunicativa pode deixar de responder ao nome, parar de falar ou perder interesse em brincar com outras pessoas.
Algumas formas de epilepsia infantil afetam áreas cerebrais ligadas à linguagem e cognição, levando à regressão. A síndrome de Landau-Kleffner, por exemplo, pode causar perda da linguagem compreensiva e expressiva, associada a crises epilépticas.
Algumas doenças genéticas raras comprometem o metabolismo cerebral da criança, levando à regressão progressiva de funções motoras e cognitivas. Os principais exemplos incluem leucodistrofias, síndrome de Rett (em meninas) e doenças de armazenamento lisossomal.
Em alguns casos, estresse psicológico, traumas ou mudanças bruscas no ambiente (como separação dos pais, perda de um ente querido ou abuso) podem desencadear regressão temporária em comportamentos e habilidades.
Infecções como meningite, encefalite viral e outras podem causar danos neurológicos com a perda de habilidades previamente adquiridas.
Os país, responsáveis e cuidadores têm um papel essencial na observação precoce de mudanças no comportamento e no desenvolvimento de uma criança. Alguns sinais que merecem atenção redobrada são:
Na presença de qualquer um desses sinais, é fundamental procurar avaliação com um neuropediatra, que poderá investigar a fundo a causa do quadro.
O tempo é um fator decisivo no tratamento de qualquer condição que envolve regressão do desenvolvimento. Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, maior a chance de recuperação ou estabilização das perdas. A intervenção precoce pode incluir:
Os objetivos principais são interromper a regressão da criança, recuperar habilidades perdidas (quando possível) e estimular novas competências.
O neuropediatra é o especialista responsável por examinar e avaliar o desenvolvimento neurológico de uma criança. Por isso, quando país ou responsáveis notam algo errado durante esse processo, uma avaliação deve ser realizada.
Geralmente, uma análise do histórico detalhado da gestação, do nascimento e de marcos do desenvolvimento é feita juntamente com a investigação de sintomas regressivos (quando começaram, como evoluíram). Além disso, exames físicos e neurológicos podem ser solicitados, bem como exames complementares que podem incluir imagem cerebral (ressonância), eletroencefalograma, testes genéticos, exames metabólicos e avaliações comportamentais.
A partir disso, o profissional de sua confiança poderá identificar condições neurológicas específicas, orientar o melhor tratamento e, quando necessário, encaminhar para terapias multidisciplinares. A regressão de habilidades em crianças nunca deve ser ignorada. Pode ser o primeiro sinal de condições neurológicas relevantes, que necessitam de diagnóstico e tratamento especializado. O acompanhamento com um neuropediatra é fundamental para identificar a causa, orientar os pais e iniciar uma abordagem terapêutica adequada.
Se você percebeu que seu filho deixou de falar, brincar, interagir e realizar atividades que já dominava, procure ajuda médica o quanto antes. O olhar atento dos pais e o cuidado especializado são aliados essenciais para garantir o melhor caminho para o desenvolvimento da criança.